quinta-feira, 21 de abril de 2011

Apelo!

Amigos, na semana passada tive que tomar a pior e mais difícil decisão da minha vida... tive que optar pela eutanásia da minha cadela, a Gretta. Ela estava com cinomose há quatro meses mas não conseguiu combater e sobreviver aos efeitos devastadores da doença. Tentamos de tudo, mantive a esperança até o último minuto, mas quando ela parou de comer e nem conseguia erguer a cabeça para nos olhar, ou mesmo para tomar água, decidimos que o sofrimento era muito grande, tanto o dela quanto o de toda a família, que a amava muito e cuidou dela até o fim.
O mais doloroso é que a culpa foi minha... dei somente uma das três doses recomendadas da vacina e, provavelmente, quando trouxe para casa 11 filhotes nas férias, a doença veio junto. Como ela era filhote, tinha menos de um ano, e tinha cruza com labrador, estava mais suscetível que os meus outros 6 cães que são mais velhos, e acabou desenvolvendo a doença.
Ela era a cachorra perfeita, sabe aquela que parece ter sido feita sob encomenda? O meu número: carinhosa, companheira, brincalhona e linda! Ela me ajudou a cuidar de todos os filhotes que recolhi para doar e isso foi o fim dela. Ela, que também apareceu aqui em casa por ter sido abandonada (com mais 4 maninhas que consegui doar, no ano passado), parecia entender a dor dos filhotinhos bruscamente tirados de perto de suas mamães e que encontravam nela uma substituta perfeita, imediatamente quando a viam, começava a perseguição que ela aceitava e estimulava brincando com eles o tempo todo, dormindo junto, lambendo...
Eu me sentia meio imune a esse problema, com aquele sentimento que todo mundo já teve algum dia, de que só acontece com os outros... impossível acontecer comigo, já que sempre zelei pela saúde dos meus companheiros e repeti mil vezes às pessoas que adotaram os filhotes que, por favor, vacinassem antes de mais nada, o mais rápido possível.
Fiz uma análise do que aconteceu e percebi que tenho a tendência de direcionar minha energia toda para uma única direção: quando ela chegou, acabei deixando os meus cachorros mais velhos um pouco de lado, daí vieram os bebês (alguns por pressão, outros por opção) e foi ela quem ficou de fora da minha rotina, já que os pequenos davam trabalho... por isso demorei pra ver que ela não estava bem, caso tivesse percebido logo no início da doença, o fim poderia ter sido diferente (?).
Fiz muito isso na minha vida e aprendi, da pior forma possível, duas coisas com essa experiência: FAÇA O QUE DIZ e PRIORIZA O QUE É REALMENTE IMPORTANTE, MAS OLHA PRA TODO O RESTO. Não adianta só trabalhar se a vida em casa não tá legal, não adianta estar com a vida social bacana mas com o corpo debilitado, e o corpo pode até estar bem, mas o espírito é quem manda... está tudo bem na minha vida, mas meu coração dói! Pelo que eu fiz a ela, por não ter visto antes os sintomas, por não ter levado em outro médico...
Precisava escrever isso aqui, desabafar e deixar meu apelo, para que outros aprendam sem passar pelo que passamos aqui em casa. Algumas crianças, alunos meus, acompanharam o fim da história já que eu pedia para que colocassem ela nas intenções da oração da manhã na escola... para que eles entendessem também que somos responsáveis pelo que ou por quem trazemos para nossa vida, quis contar aqui um pouco da minha curta, mas feliz, história com a Gretta.
Quando ela apareceu, me apaixonei imediatamente ela era a mais gordinha e preguiçosa (identificação total, hehe) da ninhada, chorava quando estava longe e não conseguia nos alcançar e dormia sempre em cima dos meus pés. As maninhas foram sendo adotadas e, no íntimo, eu torcia pra que ninguém quisesse ela... e assim foi. Ela ficou, cresceu, comeu, aprontou, comeu, passeou, comeu de novo (era como um aspirador), me ajudou e adoeceu. Quero acreditar que assim como nós humanos, eles também somente partam na hora certa, mas está difícil aceitar. Principalmente porque até o último minuto ela continuou a abanar o rabo quando ouvia as vozes dos seus queridos familiares... Perdão, Gretta.

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